Autossabotagem: já ouviu falar dela?

12 de ago. de 2022


"Até você se tornar consciente, 
o inconsciente irá dirigir sua vida 
e você vai chamar isso de destino"
(Carl Jung)
Se você buscar no dicionário a palavra "sabotar", vai encontrar significados como: "prejudicar de forma oculta; dificultar ou prejudicar uma atividade por meio de resistência passiva; agir astutamente contra (alguém ou algo)".
Mas em "autossabotagem" você já ouviu falar?
É muito provável que sua resposta seja sim! E talvez aproximando a lente, até mesmo, se veja neste lugar.
A autossabotagem é um processo inconsciente em que nos impedimos de fazer algo, nos colocando contra o nosso desejo. E para isso seguimos nutrindo comportamentos e pensamentos que nos impedem de realizar coisas que queremos (até mesmo coisas simples).
Sem nos darmos conta entramos em um espiral, em um ciclo, onde nos impedimos inconscientemente de alcançar ou realizar algo que queremos, nos frustramos por não ter conseguido e acabamos reforçando o comportamento sabotador nos punindo a partir de falas do tipo: "é sempre assim; eu sabia que não iria conseguir; eu não tenho sorte mesmo; eu nunca consigo".
Existem alguns comportamentos que são bastante comuns em pessoas que vivenciam ciclos de autossabotagem:
  • Foco nas falhas e no que falta: vivemos em uma sociedade onde nunca nada é o suficiente. Crescemos ouvindo a clássica: o que vai ser quando crescer? Nos tornamos adolescentes e somos cobrados sobre a chegada do "namoradinho(a)". Ele(a) chega, e nos cobram casamento. Casamos e o primeiro filho passa a ser exigido, depois dele o irmãozinho. E assim por diante... é uma eterna insatisfação e cobrança. O que ocorre é que muitas vezes o sujeito que traz enraizadas crenças que alimentam a autossabotagem, passa a agir desta forma com si mesmo. Age como se nenhuma conquista fosse suficiente ou que merecesse ser comemorada. Os olhos sempre se voltam para o que o falta, impedindo que essa pessoa viva o presente e desfrute daquilo que é seu, e que está ali.
  • Não merecimento e não reconhecimento: a pessoa dá tamanha ênfase para suas falhas que não sobra espaço para perceber aquilo que "deu certo". E com esse comportamento passa a alimentar ainda mais o ciclo da autossabotagem, reforçando o pensamento de que não merece e não consegue nada além do fracasso. Não se autoriza a se apropriar dos próprios méritos e conquistas. Sabe aquela pessoa capaz de fazer listas quilométricas de defeitos, mas que trava na hora de nomear qualidades?
  • Necessidade de reforço e aprovação: a expectativa de que os outros vejam e verbalizem sua opinião sobre que faz está presente o tempo todo. A pessoa age sempre aguardando a aprovação e a autorização do outro, e sem perceber deposita o mérito pelos seus resultados e até mesmo sua autoestima nas mãos dos outros.
  • Necessidade excessiva de controle: é simplesmente impossível controlar tudo o que acontece ou vai acontecer. A fantasia do controle absoluto atua como sabotadora, uma vez que cada vez que a pessoa se depara com uma situação que "foge do seu controle", que não sai exatamente como o planejado, acaba se frustrando. E isso faz com que se desanime para tentar novamente ou até mesmo para fazer outras coisas. Planejamento é muito importa e pode ajudar muito para construção de uma rotina organizada, e para o alcance de metas. Mas não podemos esquecer que é um plano, logo pode ser ajustado e imprevistos sempre podem acontecer.
  • A grama do vizinho: conhece aquele ditado bem clichê de que "a grama do vizinho sempre é mais verde"? Pois bem, esse é quase que um lema no ciclo da autossabotagem. Existe uma necessidade imensa de se comparar e sempre se colocar em um lugar de inferioridade nesta comparação. Talvez a grama do vizinho esteja mais verde, porque você está cuidando da dele e não da sua! Cada pessoa tem um ritmo, uma história, uma carga emocional e uma realidade. E por isso não são justas as comparações.
Talvez você tenha chegado até aqui se identificando com algumas (ou muitas) das características do "auto sabotador" e deve estar se perguntando: O que faço para quebrar esse ciclo?
Não existe uma receita pronta, mas compartilho com você algumas dicas que podem ser aplicadas para enfrentar a autossabotagem e quebrar o ciclo:
  • Analise seus comportamentos: não temos como mudar algo que não nos damos conta de que está nos fazendo mal. Por isso é fundamental que você esteja atento aos seus comportamentos e àquilo que você sente. Invista em autoconhecimento, e ao invés de investir energia se comparando com outras pessoas, busque olhar para você. 
    "Compare a si mesmo com quem você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje" (Jordan Peterson)  
  • Metas: seja prudente e realista no momento de traçar suas metas. Análise sua realidade, pense no tempo que realmente é necessário para realizar cada ação, faça planejamentos, e não esqueça que existem muitas coisas que você não pode controlar neste percurso.
  • Organização: não viva com o senso de urgência no comando. Procure manter uma rotina organizada, sempre lembrando que imprevistos podem acontecer, e que um pouco de flexibilidade não faz mal a ninguém.
  • Fuja da procrastinação: existem coisas que por mais que você não goste vai ter que fazer. Faça na hora que precisa ser feito. Entenda que cada vez que você posterga uma tarefa, ela vai seguir ali pesando seu dia até que seja concluída.
  • Assuma o que é seu: não tenha medo de se apropriar de seus méritos e de suas conquistas. E também não deposite a responsabilidade que é sua nas mãos de outra pessoa. Você pode (e deve) ter uma rede de apoio, formada por pessoas que caminhem JUNTO com você. Mas lembre-se de que ninguém poderá caminhar POR você. 
  • Busque ajuda profissional: nem sempre é fácil quebrar esse ciclo sozinho. Um profissional pode lhe ajudar neste processo, auxiliando na identificação e entendimento sobre seus comportamentos, e na origem deles. Encontrando e construindo assim forma de performar de maneira mais saudável e ajustada.



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