Não há dúvidas de que as redes sociais e a tecnologia vieram com o propósito de facilitar nossas vidas e nossa comunicação.
Desde o início da pandemia nos deparamos com muitos serviços que passaram a ser disponibilizados no formato online. Alguns já eram oferecidos desta forma antes mesmo de 2020, mas ali ganharam destaque e a demanda cresceu bastante, já que o distanciamento social exigia adaptações.
Com os atendimentos psicológicos não foi diferente. Os atendimentos online já eram reconhecidos e normatizados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) desde 2012, e em 2018 as orientações foram atualizadas. Hoje para atendimentos online, além de seguir as orientações do CFP, os preceitos do Código de Ética Profissional da Psicologia, e manter registro ativo junto ao Conselho, os profissionais precisam se cadastrar no E-Psi também junto ao CFP.
Mas quando o assunto é terapia, muitas pessoas questionam: é melhor atendimento online ou presencial?
E não temos uma resposta certa aqui, que se aplique à todos os casos. Vamos ver juntos aqui alguns pontos que precisam ser avaliados no momento de fazer a escolha do formato que melhor lhe atende.
O primeiro ponto a ser avaliado é a escolha do profissional: antes mesmo de escolher o formato no qual seu processo terapêutico vai se dar, é preciso escolher o profissional que irá lhe acompanhar. Busque um profissional qualificado, certifique-se de que ele tem a formação e competências necessárias para atuar, questione sobre a linha teórica que ele segue para analisar se corresponde com o que você busca, e confie em quem vai caminhar ao seu lado neste processo. Aqui tomo emprestadas as palavras de Gabriel Rolón para falar um pouco mais sobre o papel do profissional (em especial sobre a ótica da Psicanálise, mas que pode ser aplicada à Psicologia também com algumas adaptações): "a psicanálise é uma viagem que tem a angústia como ponto de partida e a descoberta de sua origem como destino final. [...] O viajante recebe o nome de paciente e o companheiro de viagem é o seu analista. [...] o profissional não é um acompanhante silencioso, os dois são ao mesmo tempo timoneiro e remador, barco e mar". Por isso, é fundamental que confie e sinta-se seguro com o profissional que escolher. Afinal é ele que vai caminhar com você, ele será seu companheiro de viagem!
Outro ponto fundamental é perceber como você se sente com o formato escolhido: nem todas as pessoas se sentem a vontade em um consultório de psicologia, assim como nem todas as pessoas se sentem seguras e/ou a vontade para lidar com as telas. E aqui cabe ressaltar algumas coisas muito importantes para lhe auxiliar na tomada de decisão: como mencionamos anteriormente tanto os atendimentos presenciais, quanto os atendimentos online são regulamentados pelo CFP, e irão seguir com os mesmos preceitos éticos, técnicos e de eficácia. Saiba que a terapia (presencial ou online) é um espaço seguro e livre de julgamentos para falar e sentir. Avalie como você se sente mais a vontade e faça sua escolha. Além disso, caso sinta necessidade de mudar o formato no decorrer do processo converse com seu psicólogo, sem receios.
Os atendimentos no formato online, facilitam bastante o acesso à profissionais que não atendam em sua cidade ou região, não exigem deslocamento (o que pode ajudar bastante) e trás a possibilidade de ser atendido onde estiver, sem a necessidade de interromper seu processo em caso de mudanças ou viagens, por exemplo. Para isso no entanto é preciso que você tenha uma boa conexão de internet, e um lugar em que se sinta seguro, e garanta privacidade, evitando interrupções e distrações durante o tempo de sessão. Vale ressaltar também que existem algumas restrições e alguns casos onde não são recomendados atendimentos de modo online, mas um bom profissional conseguirá lhe orientar em relação a isso já no início do processo.
Já na modalidade presencial, facilita muito para as pessoas que não se sentem a vontade com atendimentos online, ou pessoas que possam ter alguma dificuldade de acesso a internet. Além disso, o ambiente vai estar pronto para lhe receber, já prevendo as questões de privacidade, interrupções e distrações.
A duração do processo psicoterapêutico, independente da modalidade, varia de acordo com a sua demanda (qual seu objetivo com o processo ou que que você está buscando), da forma como vai evoluir no decorrer do processo e da escola teórica que orienta a atuação do profissional escolhido. O tempo cada sessão, seja ela presencial ou online, normalmente dura em torno de 45 minutos.
Por fim, mas não menos importante, é fundamental que você esteja disposto e comprometido com seu processo terapêutico. Lembre-se que é um processo, e não vai funcionar como mágica. Muitas coisas ali poderão ser ressignificadas, outras tantas resgatas. É um processo de construções e desconstruções. Certamente vão haver algumas sessões que vão ser mais leves e outras mais difíceis por tocar em feridas que ainda doem.
Se você vem encontrando dificuldade em lidar com suas emoções e angústias , se você busca um espaço que propicie possibilidade para autoconhecimento e um olhar mais leve, ou ainda se você simplesmente entendeu a importância de cuidar de você e da sua saúde mental o processo terapêutico é para você! Busque um bom profissional e certamente ele vai lhe ajudar a escolher a melhor modalidade para atendimento. Se comprometa com seu processo e certamente vai perceber diferenças na sua vida.
Vale presencial e vale online, só não vale deixar de cuidar de você.
Ficou com alguma dúvida ou está em busca de um profissional para lhe acompanhar neste processo? Me chama e vamos conversar. Vai ser uma alegria ajudar você!
Quando o mês de maio chega, as redes sociais e as vitrines costumam ser recheadas pela palavra "mãe". É presente para mãe, é o mês das mães, é homenagem para mãe, e por aí vai. Mas mãe e maternidade não são, e aqui começa nossa reflexão.
Certamente você já ouviu muitas vezes o termo “instinto materno”, bem como já deve ter ouvido outras tantas vezes o termo “empatia”. O “instinto materno” para se referir à aquele amor automático e intenso que surge na mulher assim que se vê gestante, ou ao olhar para o filho que nasce, sobre tudo aquilo que ela sabe desde sempre que precisa fazer para cuidar de um bebê, e ainda sobre o que vai obrigatoriamente desencadear o desejo de ser mãe em todas as mulheres em algum momento da vida para que assim se sintam completas e realizadas. E a “empatia” como aquela clássica do “se colocar no lugar do ouro como se fosse o outro”. Pois bem, quero aqui lhes perguntar onde foi parar a empatia quando olhamos o que estamos fazendo ao impor a manutenção do mito do instinto materno?
Sim! O instinto materno é um mito, criado para alimentar a romantização da maternidade e sustentar uma sociedade patriarcal, onde os homens precisam procriar e seguir vivendo, e mulheres precisam necessariamente ser mães e cuidar dos filhos para que os homens cuidem de suas vidas.
E aqui lhes trago algumas coisas para pensarmos
sobre a criação deste mito.
Hoje temos vários estudos científicos buscaram
investigar os mecanismos psicológicos, culturais e fisiológicos que movem uma
mulher a se dedicar de modo tão incondicional aos filhos, e cada vez mais
encontramos indicativos de que não se trata de instinto, de algo fisiológico, e
sim de uma construção psicológica e cultural.
Dentre estes estudos, Gosto de uma definição acerca do instinto materno
que a psicóloga Maria Tereza Maldonado, nos traz: “O instinto materno seria
verdadeiro se a mulher tivesse em seu equipamento biológico algo que a levasse
a amar automaticamente seu filho. E ela não tem. Algumas mulheres pensam ter,
porque começam a amar seu filho ainda na gestação, se encantam só de pensar em
tê-lo”. No entanto, o amor é construído no seu psiquismo. O mesmo mecanismo
afetivo que acontece nas adoções, por exemplo. Para ela, “o amor precisa ser
gestado”, isto é, precisa ir sendo construído e nutrido pouco a pouco.
Alimentar o mito do instinto materno é anular o
fato de que querer ser mãe diz da ordem do desejo, e não de uma necessidade fisiológica.
Certamente você já ouviu, ou até mesmo já se pegou dizendo
uma frase dessas em algum momento: “E os filhos vem quando?”; “Quando você vai
ser mãe?”; “Como assim você não quer ser mãe?”; “Por que você não quer ter
filhos?”; “E se você se arrepender depois?”; “Que egoísmo não querer ter filhos”.
É aqui que pegamos a nossa empatia e a jogamos sabe-se lá para onde!
Ignoramos a história de vida de mulheres que muito
sonham e desejam ser mães, e não conseguem. Passam muitas vezes por anos
tentando engravidar sem sucesso, e carregam feridas emocionais gigantes por
isso. Se sentem incapazes, anormais (porque se o instinto materno existe, ser
mãe é algo natural, e logo elas “não funcionam” como deveriam).
Anulamos a história de vida de mães adotivas, que movidas
pelo desejo, escolheram ser mães e amam seus filhos gestados na lista de espera
pela adoção.
Ridicularizamos a história de vida das madrastas,
que muitas vezes acolhem e cuidam de filhos que não foram por elas gerados, mas
escolhem amá-los e cuidá-los como se fossem seus. E que precisam ainda enfrentar
o preconceito gerado por outro mito criado socialmente, o de que toda madrasta
é má, e vai odiar seus enteados.
Jogamos no lixo a história de vida de famílias construída
de “recasamentos”.
Invalidamos a história de vida de mulheres que decidem
não ser mães. As colocando em um lugar marginalizado, de quem é egoísta e
mesquinha. As obrigamos à se justificar o tempo todo, explicando os motivos
pelos quais decidiram não ser mães, como se fossem ser incompletas, frustradas
e não realizadas como consequência desta escolha. Mesmo em um tempo em que está
escolha é cada vez mais frequente, elas ainda são quase que condenadas como as
bruxas queimadas nas fogueiras da inquisição.
Quando alimentamos o mito do instinto materno jogamos
a empatia fora. Sim, mesmo aqueles que se dizem mais empáticos.
Precisamos olhar para a maternidade como um tema a
ser discutido e pensado. Mãe como alguém de deseja maternar e assim o faz. E
mulher como alguém que pode ou não desejar ser mãe.
Não estamos aqui dizendo que o amor materno não existe. Estamos é fazendo um convite para pensar a maternidade e tudo o que a envolve de uma outra ótica.
Mais braços estendidos e menos dedos apontados.
Isso é o que se espera em tempos que tanto se prega empatia.
"Bati os pés
Quando você quis
Tomar a direção
Que eu não planejei
Tenho todos os seus passos contados
Como é que você quer sair assim
Se eu nunca deixei nada faltar"
(Música Origami - Mar Aberto)
Quando falamos em relacionamento abusivo, o que vem à suas cabeça?
Dor, gritos, violência física, abusos físicos?
Sim! Tudo isso pode fazer parte de um relacionamento abusivo, mas muitas vezes as coisas são muito mais sutis. E o primeiro ponto a ser lembrado aqui é: um relacionamento abusivo, é qualquer relacionamento onde uma das partes é limitada e agredida seja física, ou emocionalmente.
Muitas vezes a pessoa que vivencia um relacionamento abusivo, sem violência física demora muito mais tempo para perceber o que está acontecendo, e acaba se mantendo em sofrimento justamente pela "sutileza" de seu abusador. Eles manipulam e conseguem muitas vezes conduzir os relacionamentos fazendo com que as vítimas se sintam culpadas.
Eles usam um discurso sempre cheio de artifícios para camuflar a real intenção de seus atos. E aí nós deparamos com as justificativas do "é porque eu te amo demais", "tudo que faço é para o seu bem", "eu sempre estou do seu lado".
Por de trás dessas falas vemos atitudes de ciúme excessivo, de controle sobre escolhas, sobre as roupas, sobre o que ela pode fazer, com pode ou não conversar e até mesmo sobre os lugares onde pode ir.
Privacidade é algo que deixa de existir já no início de um relacionamento abusivo. O abusador sempre encontra formas de invadir o espaço do outro. Programas de rastreamento, exigir compartilhamento de senhas (ou mesmo roubo das mesmas), obrigação de compartilhar absolutamente todos seus passos, planos e pensamentos. O discurso é o do: "Quem ama de verdade não tem nada para esconder". Porém é uma via de mão única, já que o abusador segue tendo sua privacidade garantida. O que ele quer na verdade é mais uma vez manter o controle sobre a vítima, já que mesmo com discurso de amor e cuidado, ele não confia na pessoa.
No início da relação a pessoa é gentil, educada, e demonstra um cuidado e preocupação (aparente) com o bem-estar da parceira. Logo isso vai saindo de cena e vai dando espaço para as "críticas construtivas", a vítima vai tendo sua autoestima esmagada e se sentindo cada ve mais incapaz de fazer qualquer coisa com acertividade. Ao mesmo tempo todos os sentimentos da vítima são invalidados, tudo que sente é visto como bobagem, besteira ou exagero, e a própria vítima começa a acreditar nisso, se culpando e se impedindo de fazer movimentos para se libertar daquilo que a faz sofrer.
Aos poucos ele vai afastando sua vítima das outras pessoas, a fim de garantir que ela não tenha uma rede de apoio ou qualquer outra pessoa que possa confiar. "Tal pessoa não é uma boa influência", "Fulano não gosta de mim", "Ele sempre dá em cima de você", "Suas amigas estão te explorando"... e assim ele vai garantindo que sua vítima fique desamparada e cada vez mais dependente dele.
Algumas das armas mais comuns do abusador são a chantagem emocional e a manipulação. Ele oprime sua vítima e mesmo assim, sempre se coloca no lugar daquele que é o mais fraco e que está sofrendo. E ao mesmo tempo a vítima vai tendo seu lugar de culpada sempre reforçado.
Outro ponto muito comum neste tipo de relacionamento é o abuso financeiro. O abusador pode fazer coisas para impedir que a vítima tenha seu próprio dinheiro e assim fique ainda mais dependente dele. Ou por outro lado, pode explorar a parceira, exigindo através de chantagens ou manipulação que ela pague coisas que para ele, e até mesmo "preste contas" justificando onde usou seu próprio dinheiro. Mais uma vez fazendo uso de discursos de zelo e preocupação.
Infelizmente chega o tempo em que o abusador deixa de ser tão sutil em suas ações e então começam as ameaças, as agressões físicas e os abusos sexuais. Mas, mesmo nesta fase, ele segue usando depois dos episódios de agressão os discursos de manipulação, que simulam arrependimento, prometem mudanças (e por um tempo até disfarçam sua postura para simular a tal mudança). Suas falas de justificativa sempre conduzem situação colocando a vítima como culpada e seguem jurando ter feito tudo por amor e cuidado.
Se você identificou algum desses traços em seu relacionamento, não tenha medo de buscar ajuda. Identifique e fortaleça (ou ainda procure construir) uma rede de apoio, busque cuidados para sua saúde emocional e então resgate sua força, sua voz e sua autoestima. Não se sinta culpada por ter se envolvido ou se mantido em um relacionamento abusivo. E lembre-se de que você tem o direto de corrigir a rota e escrever uma história diferente a qualquer momento. Busque ajuda!
Caso você perceber que alguém que vem vivendo um relacionamento abusivo, procure acolher e amparar a vítima, e ajude ela a buscar ajuda. Procure não julgar! A vítima de um relacionamento abusivo precisa de socorro e não de mais dedos apontados.
É com amparo, e fortalecimento que quebramos ciclos de abuso. Não se cale, não se culpe, busque ajuda.
O conceito da maternidade perfeita, cor de rosa e do tal instinto materno, vem perdendo cada vez mais espaço, em um mundo onde as redes sociais parecem dar voz às mulheres que sabem que a maternidade é, por várias vezes, um desafio e outras tantas que se veem realizadas optando por outras formas de ser que "não mães".
E é este cenário que nos possibilita conhecer o que de fato existe para além dos ideais do "instinto materno" e dos livros de como criar filhos perfeitos. Encontramos também espaço para falar de uma maternidade que costuma ser velada, até que chegue nos consultórios nos relatos de filhos e filhas vítimas de mães abusivas.
O pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott, trás com excelência o termo "mãe suficientemente boa". O que para ilustrar aqui de maneira muito breve, nada mais é do que aquela que acolhe e consegue dar segurança emocional aos seus filhos, mas também entende e consegue transmitir à eles a ideia de que eles não são uma extensão sua. É a mãe que consegue fazer com que seus filhos se sintam seguros e amados, mas entende que por vezes precisa frustrá-los, lhes ensinando que precisam por vezes esperar, que nem sempre todos os seus desejos serão atendidos e que eles (mãe e filhos) são pessoas separadas e não extensões um do outro.
Abordamos aqui, de maneira breve, este conceito para entendermos o que de fato seria a mãe ideal, ou ao menos uma mãe saudável por assim dizer. Mas na prática, além dessas, encontramos outras tantas mães... narcísicas, histriônicas, dominadoras, super-protetoras, depreciativas, absorventes, ausentes: as mães tóxicas.
Mães que sufocam seus filhos em seus ideias e acabam por criar filhos adoecidos. E talvez neste ponto você esteja se perguntando: e os pais nunca são tóxicos? Sim! Encontramos também pais tóxicos, mas como o primeiro acolhimento humano é oferecido pela função materna e visto que as telas neste momento já se encontram recheadas de propagandas de dia das mães, onde mães são idealizadas e em casa filhos e filhas sofrem por não ver nada daquilo nas suas, é sobre as mães que conversaremos hoje por aqui.
Para que possamos entender em um primeiro momento quem é a mãe tóxica, podemos começar pontuando que ela é aquela que estabelece uma relação abusiva com seus filhos. Uma relação na qual ela exige (de modo consciente ou inconsciente) que seus próprios desejos e necessidades, estão acima de qualquer coisa naquela relação, ao mesmo tempo que diz ama-los e faz deles meios para realizar seus anseios.
A mãe tóxica sempre se mantém no lugar daquela que tem controle absoluto sobre tudo o que diz da vida dos filhos. E para isso faz uso de manipulação, de humilhações e outras ferramentas que aniquilam a autoestima dos filhos, os mantendo sempre no controle e dependência daquela mãe (que neste momento já se impôs como a pessoa mais importante do mundo e insubstituível na vida deles).
Outras ferramentas muito comuns são a chantagem emocional e a manipulação, conduzindo a relação de forma que os filhos se mantenham sempre no lugar daqueles que são culpados, elas usam discursos que fazem os filhos sempre acatarem ao que querem e atender as suas demandas. Qualquer movimento oposto que o filho faça, é taxado e exaltado por ela como uma traição (traição ao amor materno àquela que está acima de qualquer coisa).
O filho que se "atreve" a questionar ou fazer qualquer movimento que possa o levar ao crescimento ou a libertação da opressão da mãe tóxica, é visto por ela como rebelde, como uma ameaça, e logo ela cresce na relação na tentativa de sufocar todos os movimentos e bloquear as ameaças.
Para a mãe controladora, o anseio do(a) filho(a) de crescer, casar e/ou construir a própria família é vivenciada como uma traição ao seu “amor materno”. Qualquer movimento de independência e liberdade é visto como uma ameaça que deve ser combatida.
Ela sufoca, oprime, controla, manipula e faz chantagens. Mas os filhos seguem enredados, pois não tem voz e nem mesmo espaço para que possam olhar para o que sentem e/ou vivendo. Além do que: quem pode questionar o amor de mãe?
É extremamente desafiador cortar o cordão umbilical com essa mãe tóxica, visto que ela é sedutora e se apresenta como a melhor mãe do mundo sempre que se sente ameaçada.
As mães tóxicas e abusivas costumam parecer pessoas comuns. E suas atitudes passam camufladas como formas de cuidado, aquele discurso do "é para o bem dos meus filhos". Elas nem sempre usam da agressão física (ao menos até certo momento), mas podem chegar a este ponto caso sintam que estão perdendo o controle sobre a relação. E é muito comum que elas desqualiquem os filhos, colocando em cheque suas potencialidades, e fazem de tudo para mantê-los na posição de "vítimas de todos os outros (mas jamais dela)" e fragilizados.
Elas costumam se colocar no lugar de super-heroínas para mostrar para os filhos que eles devem confiar apenas nelas. E assim vão criando filhos que tendem a ter baixa autoestima, ter transtornos alimentares, transtornos depressivos e de ansiedade, e mais tarde tentem a se submeter a outros relacionamentos abusivos.
Se você sofre por não ver em sua mãe aquela imagem da mãe idealizada que os comerciais apresentam e a sociedade reforça, ou se você identifica alguma indício de relacionamento abusivo na sua relação com sua mãe (mesmo que hoje já não viva com ela), não tenha medo de buscar ajuda profissional.
E lembre-se:
- Você não é culpado
- Buscar ajuda não vai fazer de você uma pessoa má ou ingrata
- Romper o cordão umbilical não significa que você não ama mais a sua mãe
- O "problema" da relação não é você, e sim está ligado à personalidade dela
Um processo de psicoterapia poderá lhe ajudar a perceber de maneira mais clara tudo isso, poderá oferecer à você espaço para encontrar seu espaço e sua voz, e por fim lhe vai lhe dar a possibilidade de resinificar e se haver com suas angústias.
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